Sete dias em Paris
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Hoje eu acordei com uma vontade enorme de te abraçar, te beliscar e dizer que todo esse tempo eu senti sua falta. Pena que isso não pode acontecer. Certas coisas mudam com o tempo,
e a nossa amizade foi uma delas, se é que ainda existe amizade. Até
hoje eu não consigo entender o motivo pra todas essas mudanças. Não sei
se fui eu, ou você, mas alguma coisa nos afastou, e muito. Lembra quando
todos os dias ao chegar na escola nos sentávamos lado-a-lado e
contávamos nossos sonhos malucos? Você sempre esteve lá. E quando eu tinha alguma dúvida naquela matéria chata e você me passou todas as respostas ao invés de me ajudar? Foi errado, mas você não fez por mal.
E todas as tardes quando nós saímos pra todos os lugares, sempre
juntas. Se lembra? Você consegue se lembrar das tardes nos muros ou no
meio das calçadas chorando pelos nossos amores platônicos ou mal-resolvidos?
E quando ‘ele’ terminou com você e pra eu não te ver chorar passei o
dia todo ao seu lado, contando piadas e fazendo você rir. Se lembra?
Lembra daquele natal que você dormiu aqui em casa? A gente ficou olhando a chuva e pensando em como seria nosso próximo ano juntas.
E todas as vezes que nós comíamos açaí com sorvete e depois ia bagunçar
no meio da rua. E todas as vezes que você via um bichinho na rua e
corria pra acariciar e eu gritava “não toca nele, sua pulguentinha”
e a gente ria sem parar. E quando eu estava sofrendo ‘por aquele cara’ e
você ficou me falando coisas nada a vê enquanto nós ouvíamos Ana Carolina e Cassia Eller
no carro do meu pai. E quando a gente tirava fotos e cantava e gritava e
ria e bagunçava ou simplesmente não fazíamos nada, lembra? Você
consegue perceber o quanto era bom? O quanto era importante para nós
estarmos juntas? Porque acabou? Me dê só um motivo, pra
eu poder entender o que foi que eu fiz de errado. Eu sinto sua falta,
falta das suas tolices, das suas palhaçadas, das suas risadas, dos seus
tapas, dos seus gritos, da sua amizade.
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